Cooperar
Os batistas sempre prezaram a autonomia da igreja local e um modelo de governo congregacional. Juntamente com essa ênfase, desde o início, a cooperação entre igrejas locais também fez parte da identidade Batista. Mesmo que uma igreja local não deva ser regida de fora, isso não significa que seja ideal que ela caminhe sozinha. Por isso, os batistas prezam a oportunidade de se associarem, para fins de cooperação.
As primeiras associações de igrejas surgiram em resposta à necessidade de cooperação para efetivamente realizar missões. Por exemplo, os Batistas ingleses se viram obrigados a criar uma associação para viabilizarem a obra missionária de William Carey na Índia. Em 1814, a primeira “convenção” de igrejas Batistas nos Estados Unidos foi organizada para apoiar o trabalho missionário de Adoniram e Ann Judson na Birmânia (hoje Mianmar). A princípio, essa “convenção” não era mais que uma assembleia que reunia “delegados” de várias igrejas a cada três anos. Eles tratavam das necessidades do trabalho missionário e, juntos, buscavam soluções. As igrejas representadas votavam, por meio de seus mensageiros. A primeira “convenção” de igrejas Batistas no Brasil, a Convenção Batista Brasileira, teve um começo semelhante em 1907.
Entretanto, o modelo simples de convenção idealizada pelos nossos antecessores Batistas sempre corre o risco de crescer e se descaracterizar, ameaçando o papel único da igreja local como agências do reino de Deus. Quando um órgão se estabelece acima das igrejas locais, tornando-se dona de patrimônios, de juntas, de seminários, e afins, corre-se o risco de que ela venha a se enxergar como um fim em si mesma, ao invés de um meio para um fim maior. As lições da história estão aí. Inúmeras igrejas (desde a Igreja Romana, até uma série de denominações evangélicas) criaram associações que se corromperam, tanto doutrinariamente, como moralmente, e já não atendem como facilitadores da grande comissão.
Diante desse fato, cabe lembrar que a filiação a uma convenção de igrejas não é diretamente ordenada na Bíblia. Ao mesmo tempo, Jesus nos deu a grande comissão e é simplesmente uma constatação que as igrejas que mais contribuem para o avanço da causa missionária, para a formação teológica de ministros e para a divulgação de sua mensagem pelos diversos meios de comunicação o fazem por colaborarem com uma convenção. Mesmo as igrejas que optam por isolamento acabam, muitas vezes, dependendo do trabalho de convenções com as quais não se alinham perfeitamente para suprir sua necessidade de treinamento teológico aprimorado, literatura cristã, e muitos outros benefícios.
Assim sendo, não podemos permitir que receios e escrúpulos excessivos venham a nos imobilizar. De alguma forma, cada geração de Batistas precisa encontrar um caminho para trabalhar em conjunto pela causa do evangelho. A Convenção Batista Reformada no Brasil se apresenta como uma associação voluntária, que não exige exclusividade, nem reivindica qualquer autoridade sobre as igrejas locais. Convidamos igrejas locais a se filiarem para cooperar e crescer juntamente conosco, desde que atendam aos critérios para filiação e percebam na CBRB um veículo útil para realizar a sua obra.